Segunda-feira, 16 de Abril de 2007

Poesia

Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.


Aqui, deposta enfim a minha imagem,
Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem.
No interior das coisas canto nua.



Aqui livre sou eu — eco da lua
E dos jardins, os gestos recebidos
E o tumulto dos gestos pressentidos
Aqui sou eu em tudo quanto amei.


Não pelo meu ser que só atravessei,
Não pelo meu rumor que só perdi,
Não pelos incertos atos que vivi,


Mas por tudo de quanto ressoei
E em cujo amor de amor me eternizei.

 

 

Sophia de Mello Breyner Andresen

sinto-me:
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publicado por picarota310172 às 17:25
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De inês a 28 de Abril de 2007
Belíssimo!!

Bom fim de semana

Um abraço carregadinho de palavras trocadas
De picarota310172 a 2 de Maio de 2007
Já vim atrasada para retribuir os votos de bom fim de semana, mas deixo aqui um xi-coração e votos de resto de boa semana p ti!
Beijinhos
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