Sábado, 24 de Fevereiro de 2007

Charneca em flor

Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...

Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!

E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu bruel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...

Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!

                              Florbela Espanca

sinto-me:
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publicado por picarota310172 às 15:58
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4 comentários:
De daniela. a 25 de Fevereiro de 2007
devo dizer que costumo ler tudo menos jornais e poesia. no entanto os poemas que publicas dao vontade de ler 4 ou 5 vezes, de tao bem escritos que estao :)

bjs
De picarota310172 a 26 de Fevereiro de 2007
Ainda bem que gostas! São "escolhidos a dedo" para agradar a quem aprecia...
Beijinhos.

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